Me
traga uma água gelada. Só pra me livrar do cheiro de noite passada. Da minha
alma mal amada. Qualquer coisa que alivie o calor e o clima de Brasília, essa
ilha política. Suspende a cerveja gelada. Até mesmo a pinga, a minha Paratudo,
que gosto, mas comprei a preço de nada. Suspende a Libido, a satisfação dos
meus hormônios. Suspende tudo! E me deixa com nada. Traz a conta, quero meter o
pé na estrada. Com a mesma sola da noite passada, da madrugada rasgada. Me dê
um bom livro e uma reclusão necessária. Tranque as portas. Se entregue aos
poetas, mas avise a ela: "essa aqui não é pra você". Não é pra
ninguém. Essa aqui é pra viver. Pra apagar a minha falta de lucidez. E tomar de
novo os rumos da minha caminhada. Sem direção, sem um caminho e muito ingrata. Mas
que, ainda assim, não falha e com muita facilidade me leva pra casa. Me deixa
ir, sabendo que vou voltar. E, se não voltar, a gente se encontra, porque temos
que continuar. Com alguns atrasos, alguns imprevistos e muito estrago. Mas
seguimos: eu e minha caminhada. Que jornada fazemos, minha cara! Sempre lado a
lado, olho no olho e cara a cara. Eu te observando, desde a sua nobreza até a
sua incerteza. A nossa nobreza e as nossas incertezas. Ah, minha velha e nobre
caminhada...
E pensar que dizem que tudo isso é a troco de nada.
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