quinta-feira, 22 de outubro de 2015

QUINTA DO DESABAFO #2: A MORTE DA INGENUIDADE

Cadê a ingenuidade das crianças?
Todas aqui com a maldade no olhar,
É isso que me faz perder a esperança.
Desse jeito é foda de acreditar.

A navalha corta a cada boca aberta,
A vida cobrará de cada alma (que se acha) esperta.
O futuro cobiçando desde cedo.
Criança malandra, com ódio, sem medo.

Avança, ameaça, xinga, se engana.
Bate, cresce, se fode, apanha.
Sonhos inexistentes, se almeja o pesadelo.
Se amarra, acende, puxa e depois prende.

Bateu, ficou, agora é só curtir,
Escola é sem futuro, melhor ficar aqui.
Solta aquele som, daqueles bem pesado,
Acende essa porra, que o bagulho é pesado.

Se joga nesse mundo,
Se afunda, vagabundo.
Nasceu com a cobiça, que agora te esquarteja.
O teu brilho morreu, se fode nessa breja.

Cresceu sem pai, sem mãe,
Esperança de ninguém.
Não tinha a quem orgulhar,
Mesmo se buscasse o bem.

Mais um que se fode no sistema carcerário,
Mais um que se fode, vira a vida ao contrário.
Cai na tentação que o mundo te oferece,
Não luta, não resiste, está entregue.

Mais um que vem aqui
Não faz história e se incrimina.
Se entrega ao sistema,
Cai na carnificina.

Vacila na tua história,
Só foi mais uma carne
Cortando na navalha,
Depois de esquartejada.

Sem ideologias,
Razão ou compromissos.
Morreu sem nem lutar,
Escravo do vício.

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